Os historiadores narram curioso episódio ocorrido com o imperador Francisco José, da Áustria.
Levaram certa vez ao velho monarca, para a formalidade da assinatura, uma sentença de morte. Com mão trêmula pôs o seu nome, mas no mesmo instante uma lágrima rolou dos olhos do ancião sobre o papel, deformando e desfazendo, em parte, a assinatura. O imperador tomou do papel e entregando-o ao secretário disse:
- Lágrimas apagam a culpa. Meu nome é ilegível e portanto sem valor. O réu está perdoado.
O grande monarca, ao praticar esse ato de piedade, fora naturalmente inspirado por uma graça de Deus.
A Igreja e os teólogos distinguem duas espécies de graças: uma é chamada graça atual, outra graça habitual.
A graça atual, assim como a indica seu nome, é transitória, passageira; é um socorro momentâneo pelo qual Deus nos excita e ampara na fuga do mal e na prática do bem. Esse socorro divino, que nos é dado em tempo oportuno, é luz que nos alumia a inteligência, excitação que nos fortalece a vontade, enfim um bom impulso que nos ajuda, mas não faz tudo sem nós: para alcançar o seu fim, a graça atual precisa da nossa cooperação. Se a ela correspondermos fielmente, adquirimos um mérito; se, por nossa vontade, a tornarmos ineficaz, somos culpados.
A graça habitual, chamada, também, santificante, permanece em nossa alma e a torna santa e agradável a Deus. Não é um socorro transitório, mas uma influencia constante, divinamente espargida na alma.
Eis porque esta graça, na Escritura Sagrada, é geralmente designada pelo nome de Vida. É, com efeito, a vida sobrenatural da alma; chama-se estado de graça, e, ainda, caridade.
(“Lendas do Céu e da Terra” – Malba Tahan)
E muitas vezes recebemos graças que nem percebemos. Ou, quando percebemos, esquecemos de agradecer ao Senhor...
ResponderExcluirSurpreendente esse Malba Tahan. Não tinha visto essa postagem.Eu gostei imenso, Jorge. Graça atual e graça habitual; muito interessante esse conceito. Parabéns, com um abraço!
ResponderExcluir