Conta-se que a célebre Eudóxia, imperatriz de Constantinopla, contrariada por São João Crisóstomo que lhe reprovara alguns atos, reuniu, certa vez, os seus ministros e disse-lhes:
- Esse bispo irrita-me com suas impertinências. Que devo fazer para castigá-lo?
Um dos ministros sugeriu logo:
- Penso que Vossa Majestade deve confiscar todos os bens do prelado e desterrá-lo.
- Nada disso - ponderou o segundo-ministro. - Esse bispo precisa ser preso. Decretai, Majestade, a prisão de vosso inimigo!
O terceiro-ministro não concordou e disse com severidade:
- A meu ver, senhora, o bispo, pelo exemplo de rebeldia que praticou, é passível da pena de morte. Não vejo, aliás, outra solução para o caso. É entregá-lo às mãos do carrasco.
O mais prestigioso dos ministros, que exercia com elevada sabedoria as funções de conselheiro da Imperatriz, ao ouvir as pérfidas sugestões dos seus colegas, assim falou:
- Bem vejo que não conheceis o bispo. As sugestões que acabais de formular não representam, para o digno prelado, castigo de espécie alguma.
- Como assim? - retorquiu, com indisfarçável surpresa, a imperatriz. - O confisco dos bens, o desterro, a prisão e a morte não importarão em castigos para o bispo Crisóstomo? Por quê?
- A razão é simples - explicou o judicioso ministro. - Se Vossa Majestade confiscar-lhe as propriedades só os pobres é que perderão, pois o bispo só se serve dos bens que possui para socorro dos necessitados. Que adianta, por outro lado, desterrá-lo, se para o verdadeiro cristão a terra inteira é sua Pátria! Lançá-lo no fundo de uma prisão? Isso para o bispo jamais representará um castigo. Devotado como é à causa de Deus, ele se sentirá feliz por sofrer, por Cristo, todas as torturas do cativeiro!
- Mas a morte o assustará com certeza - rosnou, entre os dentes, um dos ministros.
- Nunca! - discordou o conselheiro. - De forma alguma! Condená-lo à morte será conduzi-lo, pelo martírio, ao reino do céu.
- E que devo então fazer para castigar o bispo? - perguntou a imperatriz.
- O bispo Crisóstomo - prosseguiu o conselheiro - só teme uma coisa: é o pecado. Deseja Vossa Majestade castigá-lo? Nada mais simples. É procurar um meio qualquer de obrigá-lo a cair em pecado!
No pecado existe alguma coisa tremenda, odiosa, horrível e abominável. Os seus característicos são opostos a tudo quanto é puro e santo.
O pecado é para a alma o que a doença é para o corpo. Pode o corpo, privado de saúde, sucumbir pela ação maléfica da doença; assim também a alma, vencida pelo pecado, será levada à eterna perdição. Um espelho embaciado ou não reflete ou reflete mal. Ora, a alma é um espelho incapaz de refletir as verdades da Fé quando empanada pelo pecado.
O pecado é a desobediência à vontade de Deus, ou ainda é fazer aquilo que Deus odeia e manda que não se faça. São Paulo diz que a lei de Deus e "santa, justa e boa". Quem a transgride ou despreza pratica um ato contrário à santidade, à justiça e à bondade de Deus.
Eis porque São João Crisóstomo temia o pecado.
(“Lendas do Céu e da Terra”)
Ás vezes as aparências iludem.
ResponderExcluirSanto dia
Abraço fraterno
Agora fiquei curiosa para saber que fim levou São João Crisóstomo. A rainha Eudóxia deu- lhe o castigo? Deus nos livre do pecado! Meu abraço!
ResponderExcluirInteressante! Temos que imitar os santos em tudo, principalmente no asco ao pecado!! Paz e bem!
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