Quando este artigo abaixo foi publicado na Revista Seleções do Reader’s Digest, talvez ainda não se tinha o hábito de enviar e-mails, ou também não havia tantos programas de comunicação pela internet. Mas mesmo assim, o texto tem sua atualidade. E por achar importante, faço essa postagem:
Escrever uma “carta” é uma das coisas mais interessantes nos meios de comunicação. A “carta” em sí, tem um sabor especial, diferente. Toda pessoa que já guardou uma carta, sabe o que eu estou falando... Quantas vezes não a pegamos e relemos por várias e várias vezes... Às vezes uma carta simples, mas importante em razão de quem nos enviou. Seu conteúdo tem por vezes um breve “alô”, uma mensagem de prosperidade, um feliz natal ou bom aniversário, ou por vezes contos ou historias muito interessantes.
Quantas vezes não guardamos essa carta com carinho, e somente o fato de ter-mos ela em mãos nos dá a sensação da presença da pessoa que a escreveu...
Pode um telefonema fazer isso?
As pessoas criaram o hábito de telefonar por questões de falta de tempo, etc.. e com isso a arte de escrever cartas pode cair no esquecimento.
De fato, preocupa-me que o telefone esteja substituindo a carta, que escrever cartas comece a ficar fora de moda. Sim, as pessoas hoje em dia - sejam namorados, família ou amigos, e especialmente os jovens - telefonam mais vezes do que escrevem. Dizem que nunca têm tempo para escrever: estão demasiado ocupadas, demasiado cansadas. É tão rápido e mais fácil telefonar!
O telefone, porém é terrivelmente transitório. Imagine a perda se Pero Vaz de Caminha tivesse telefonado ao Rei de Portugal, ao invés de mandar aquela famosa carta... hoje certamente não saberíamos o que ele teria contado ao Rei e nem poderíamos apreciar aquele tão importante documento histórico. Imagine ainda a perda de tantas cartas históricas, se seus escritores tivessem telefonado ao invés de escrever. Quantas cartas comuns não foram preservadas e por essas cartas se conheceu como viviam as pessoas antigamente.
Imagine se o telefone tivesse sido instalado nos tempos bíblicos? Se o apóstolo São Paulo tivesse telefonado aos Corintios em vez de escrever suas tão sábias cartas?
É preciso mais tempo e esforço para escrever uma carta do que para telefonar, mas creio que o prazer que dá aumenta proporcionalmente.
Uma vez a mãe de um amigo meu (que trabalha em Curitiba) disse para mim: “Meu filho costumava escrever todas as semanas, mas agora telefona sempre. Eu gosto de ouvir a voz dele, mas acaba tão depressa. Eu costumava ler e reler as suas cartas dias e dias.”
O telefonema passa, mas a carta fica para sempre. Existe um certo “charme” na carta escrita... parece que algo de quem escreve fica na carta, e ao lermos sentimos não só meras palavras, mas os sentimentos e a alma de quem a escreve.
Algumas pessoas dizem que telefonam só porque acham difícil exprimirem-se em papel. “As cartas são mais convincentes” - admite uma amiga, “mas a minha mente fica congelada no momento em que encaro aquela folha de papel branca.”
Outras são dissuadidas de escrever por precaução. Nesta era de copos descartáveis, lenços de jogar no lixo e amizades efêmeras, uma carta permanece. Há uma responsabilidade futura inerente ao ato de confiar os pensamentos ao papel, e isso assusta as pessoas.
Existem inúmeras formas de escrever: um mero cartão postal, um simples bilhete, um texto rápido, um relato, uma história, um conto...
Às vezes até meros recortes de revistas ou jornais com notícias regionais interessantes (como as casas de chocolate ou os cafés), ou uma foto de um castelo (de uma página de revista), certamente com um comentário de quem está mandando a carta.
Existem cartas belíssimas... E se tem vontade de procurar essas cartas e adquiri-las para colecioná-las.
Sem contar a beleza dos selos que acompanhavam as cartas. Havia grandes colecionadores de selos, e um selo mais bonito do que outro.
Se a arte de escrever cartas desaparecer, será realmente muito triste. Não há nada que se compare à alegria de vermos uma mensagem enviada por alguém conhecido.
É verdade, Jorge. Receber e escrever uma carta é realmente uma arte. É um gesto de amor pois, ali, imprimimos nas letras escritas um pouco do nosso ser. Escrevi muitas cartas, outras tantas recebi. Entretanto, hoje, por causa do telefone, agora, do e-mail, muitas cartas deixamos de escrever. Todavia, sempre que é preciso vamos mantendo viva essa arte que tanto eternece os nossos corações. Belíssima postagem caro amigo. Um bom dia :)
ResponderExcluirNossa sempre gostei de escrever cartas , mais tinha deixado esse hábito bom ....
ResponderExcluirMuito obrigada pelo "toque"
;)
Tanto amo escrever que estou com dois blogs. A carta recebida é uma bênção, mas as recebidas em e-mail tbém. Parabéns! Adorei o que li.
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