São Francisco de Sales, o religioso célebre. Em
Roma, o Papa Clemente VIII deseja ouvi-lo pessoalmente. Depois de ter falado
diante de oito cardeais e vinte bispos, o Papa levanta-se e dá-lhe um abraço.
Como frisa Henri Bordeaux, sabia o santo ficar no mesmo plano, coisa duas vezes
difícil, com os pequenos e com os grandes. E quando pregava aos campônios,
ardiam estes de impaciência por interrompê-lo para propor-lhe suas dificuldades
e confiar-lhe seus negócios.
Um dia, ao visitar sua diocese, sentou-se fatigado à
borda de uma fonte e recordou aos camponeses que o seguiam as palavras de Jesus
à Samaritana.
Veio então um enxame de abelhas e pousou sobre ele.
- Não se mexa – exclamou um dos ouvintes – e
continue; elas não o ferroarão.
O bispo continuou e as abelhas não lhe fizeram mal.
Francisco de Sales conheceu, também, os ataques e
injustiças de invejosos e caluniadores. E jamais a sua pena se molhou na tinta
grossa das contumélias.
Jamais praticou a lamentável e contraproducente
apologética da descompostura.
Ao marquês de Lens, que lhe referia interpretações
malévolas a alguns dos seus atos, disse apenas o seguinte: “Garanto-vos que,
fantasiando e filosofando assim sobre minhas ações, fazem maior dano a si do
que a mim; pois que não me podem ferir a inocência e carregam-se de negra
malícia”.
Dizia, séculos mais tarde, um escritor sutil: “O
homem que te insulta, insulta apenas a idéia que forma de ti, isto é,
insulta-se a si próprio”.
Autor (J.S.) – Lendas do Céu e da Terra
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