Quem me conhece sabe que gosto muito de boa música. Foi num desses domingos ensolarados, em que eu estava ouvindo as grandes aberturas de Haendel, que recebi à tarde uma visita inesperada: Um casal de amigos que há anos eu não via. Depois que se casaram haviam-se mudado para longe e assim o contato havia ficado mais difícil. Trouxeram uma bem recheada torta de palmito com queijo, e então a conversa se desenrolou até quase ao anoitecer.
Comentando sobre música e instrumentos musicais, a esposa de meu amigo – excelente violinista – acabou contanto uma história tão interessante que resolvi recontar a todos os meus amigos e amigas.
Conhecido como príncipe dos instrumentos, o violino encanta pela sua sonoridade especial. É tão especial, que tudo nele é diferenciado: a escolha meticulosa dos vários tipos de madeira empregados na construção, o verniz especialmente preparado, fios de crina de um certo tipo de cavalo para o seu arco, sua afinação, e por ai vai.
Conta minha amiga que, certa feita, numa pequenina e pitoresca cidade da Itália, um menino era muito hábil na arte de esculpir em madeira lascada: Antonio.
Um dia, ele e seus amigos estavam na rua, pedindo dinheiro por aquilo que faziam. Um deles tocava violino, o outro - que era irmão do primeiro - cantava, enquanto Antônio fazia seus pequenos objetos entalhados na madeira.
Andando pelas ruas, um homem distinto parou para ouvir o menino cantar; depois, colocou uma moeda de ouro nas suas mãos. Muito contente, o menino “cantor” gritou:
- Vejam. O grande Amati, o maior construtor de violinos na Itália, deu-nos uma moeda de ouro!
Foi uma euforia! Porém esse gesto aguçou a curiosidade de Antônio, e ele quis conhecer mais de perto quem era esse grande benfeitor. Afinal quem era esse generoso e grande construtor de violinos? – Assim pensou Antonio.
Não faltaram barreiras que impedissem a aproximação de Antonio e o grande Amati. Mas quem é perseverante, tudo alcança. E assim aconteceu. E chegou o grande dia tão esperado. Lá estava Antonio, diante do maior construtor de violinos da Itália. Enchendo o peito de coragem, Antonio lhe diz:
- Não sei tocar ou cantar, mas gosto de música e imagino que seria capaz de construir violinos. Veja, aqui estão alguns objetos que fiz de madeira, com a minha faca.
O grande homem passou o seu olhar atento nos objetos e depois elevou seus olhos para a face ansiosa e os expressivos olhos castanhos de Antônio, e disse-lhe:
- Venha à minha oficina, moço, e lhe darei uma oportunidade para aprender a tornar-se um construtor de violinos. Qual é o seu nome?
- Antônio Stradivárius - respondeu prontamente Antônio.
Dessa forma, Antônio tornou-se aluno de Amati e trabalhou dia após dia na sua oficina. Uma das primeiras coisas que o seu professor lhe ensinou foi que a paciência para fazer com perfeição uma peça, ainda que pequenina, tinha mais valor do que a construção de um violino todo em pouco tempo.
Alguns anos decorreram e Antônio Stradivárius, já sendo um construtor de violinos, aperfeiçoou tanto o som e a beleza do violino, que se tornou o melhor construtor de violinos de todo o mundo.
Linda história!
ResponderExcluirTambém adoro música barroca: Haendel, Vivaldi, Bach, Lully, etc.
Uau!!! Que coisa mais linda essa história!!! Eu adorei conhecer Antônio Stradivárius e sua genialidade em fabricar tão famoso instrumento. Que pena que eu não tenha mais alunos para isso contar! Aprendi a gostar de música clássica com o padre espanhol de minha infância. Ele me punha numa poltrona e colocava no aparelho (vitrola) seus discos. Era som estereofônico e ele me fazia observar os sons dos instrumentos que saiam de cada caixa. Ensinou-me sobre artes, culinária, bons livros e decoração. Nem ele sabia que me ensinava, mas eu observava e era muito atenta. Pronto! Falei demais! Que sua Semana Santa seja muito rica em bênçãos e que sua alma absorva com intensidade! Iniciei a minha sendo a comentarista da missa e narradora do evangelho. Abraço forte e fraterno!
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