Ia São João Câncio, certa vez, em peregrinação a Roma. Em meio de uma estrada deserta cai sobre ele uma quadrilha de ferozes salteadores que o despojam de sua bolsa que minguados haveres continha.
- Amigos – exclamou o santo – deixai-me agora prosseguir, em paz, a minha jornada.
Respondeu um dos ladrões:
- Só terás liberdade se nos entregares todo o ouro que levas.
- Sou pobre, asseguro-vos, nada mais me resta.
- Quem nos garantirá que não estás mentindo?
- Não sei mentir!
- Nesse caso, avia-te!
Retomou o santo o seu caminho como se nada houvesse acontecido, contente, sim, com a esmola que fizera, mas profundamente triste, até o fundo d’alma, com as negras ofensas que assim recebia da parte dos homens. Como fazia sempre, ofereceria, uma vez mais, o santo sacrifício pelos transviados, para que não desabasse sobre eles a justiça divina. Tinha vencido largo trecho da estrada como uma inesperada lembrança, enchendo-lhe de remorso o espírito, o fez parar. Esquecera-se de que levava, costuradas na fímbria do seu manto, algumas moedas. Sem mais hesitar, retrocedeu apressado e foi novamente ao lugar em que se achavam os bandidos.
Disse-lhes o santo ao chegar:
- Não me leveis a mal. Trago-vos aqui estas moedas. São vossas. Não me lembrava de que ainda as tinha comigo.
Diante de tão grande bondade e daquela incomparável candura, abranda-se o coração dos bandidos. Restituíram ao santo tudo o de que o haviam despojado, e deram-lhe, ainda, uma escolta fiel capaz de conduzi-lo a lugar seguro.
Autor: (E.V.M.)
Fonte: Lendas do Céu e da Terra
IAmo ler esse tipo de história.Isso me serve de grande alimento, grande sustento para minha fé, para meu crescimento. Gostei imenso! Abração!
ResponderExcluir