quarta-feira, 22 de outubro de 2014

São Francisco de Sales

São Francisco de Sales, o religioso célebre. Em Roma, o Papa Clemente VIII deseja ouvi-lo pessoalmente. Depois de ter falado diante de oito cardeais e vinte bispos, o Papa levanta-se e dá-lhe um abraço. Como frisa Henri Bordeaux, sabia o santo ficar no mesmo plano, coisa duas vezes difícil, com os pequenos e com os grandes. E quando pregava aos campônios, ardiam estes de impaciência por interrompê-lo para propor-lhe suas dificuldades e confiar-lhe seus negócios.

Um dia, ao visitar sua diocese, sentou-se fatigado à borda de uma fonte e recordou aos camponeses que o seguiam as palavras de Jesus à Samaritana.

Veio então um enxame de abelhas e pousou sobre ele.

- Não se mexa – exclamou um dos ouvintes – e continue; elas não o ferroarão.

O bispo continuou e as abelhas não lhe fizeram mal.

Francisco de Sales conheceu, também, os ataques e injustiças de invejosos e caluniadores. E jamais a sua pena se molhou na tinta grossa das contumélias.

Jamais praticou a lamentável e contraproducente apologética da descompostura.

Ao marquês de Lens, que lhe referia interpretações malévolas a alguns dos seus atos, disse apenas o seguinte: “Garanto-vos que, fantasiando e filosofando assim sobre minhas ações, fazem maior dano a si do que a mim; pois que não me podem ferir a inocência e carregam-se de negra malícia”.

Dizia, séculos mais tarde, um escritor sutil: “O homem que te insulta, insulta apenas a idéia que forma de ti, isto é, insulta-se a si próprio”.


Autor (J.S.) – Lendas do Céu e da Terra

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