quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Último Ramalhete

[ Mariófilo ]

Teresa era menina pobrezinha, mas muito piedosa e filha muito dedicada. Para auxiliar a boa mãe, colhia no mês de maio violetas nas matas, vendendo-as aos forasteiros. Embora precisasse muito do dinheiro, reservava sempre, entretanto, um ramalhete para o altar de Nossa Senhora. Certo dia, depois de ter vendido quase tudo, veio por fim uma senhora muito rica e nobre com uma mocinha, sua filha, muito pálida e doentinha. Pediu os últimos ramalhetes. Teresa deu apenas um, guardando o outro. A doente insistiu para obter também o último. “Não posso dá-lo - disse Teresa - pois já tem dono, é de Nossa Senhora, para quem reservo sempre o último ramalhete”.
As senhoras gostaram da pequena e de sua devoção a Nossa Senhora. Indagaram da vida e das condições de Teresa. Por fim conhecendo sua extrema pobreza, levaram-na consigo, junto com a velha mãe, para ser a companheira da doente. Assim Nossa Senhora recompensou ricamente o último ramalhete de violetas que Teresa tão piedosamente diariamente lhe oferecia.
Oferecer flores a Maria é uma praxe mui poética e muito fácil; está ao alcance de todos. Flores encontramo-las em toda a parte; basta colhê-las. Embora flor simples, apanhada talvez num passeio no mato ou a beira de um riacho, colocada ao pé da imagem no teu quarto, Nossa Senhora aceita-a; ela vê a tua boa intenção.
Tu não podes ficar sempre diante da sua imagem; a flor te representa; a sua bela cor, o seu doce perfume fala a Maria da tua dedicação e do teu amor. Essas florzinhas são outras tantas vozes que dizem em teu nome: Ave Maria ! Ó Maria, eu vos amo; protegei-me, defendei-me !
Se, voltando de um passeio, apanhas uma bonita flor e a levas a tua mãe, não se mostra ela contente pela tua atenção ?
Então, nossa boa Mãe do céu não se mostrará contente quando lhe ofereces uma flor ? Dá-lhe este prazer; ela o recompensará generosamente.
Vivia em Paris uma senhora piedosa e muito devota de Maria SSma. Era o seu prazer enfeitar a imagem de Nossa Senhora com lindas flores naturais. Seu marido, homem sem crença, trazia, entretanto, nos sábados, flores para que sua esposa tivesse o prazer de colocá-las diante da imagem da Virgem. Aconteceu, porém, que o homem morreu repentinamente sem ter tempo de receber os santos Sacramentos. Grande foi a dôr da viúva que, conhecendo bem as prescrições da santa religião, temia pela salvação do marido. Na sua aflição procurou o santo cura d’Ars, João Vianney. Este, recebendo-a, antes de ouvir uma palavra dela disse: “Minha filha, console-se; a alma do seu marido está salva; Nossa Senhora, recompensando-lhe as flores que oferecia nos sábados, alcançou-lhe a graça de contrição perfeita de maneira que recebeu na última hora o perdão dos seus pecados”.
Oh ! como Maria é boa ! Recompensa divinamente umas poucas flores !

(Texto extraído da revista “O CALVÁRIO”, dos padres passionistas, número 03, de março de 1961 - Ano XL)

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