sexta-feira, 6 de maio de 2016

A sentinela de Pompéia

Espantosa e imprevisível catástrofe ocorreu no ano 79. O Vesúvio, numa súbita e tremenda erupção, inundou de lavas e cinzas ardentes muitas léguas de terras em seu derredor, sepultando duas cidades – Herculano e Pompéia. 

Conta-se que quando os habitantes de Pompéia, tomados de alucinante desespero, fugiram na maior desordem para escapar á morte houve um soldado romano que permaneceu em seu posto, de pé, tranqüilo como um estátua humana. O formidável cataclismo desabou quando ele estava de sentinela junto a uma das portas da cidade.

Na derrocada geral, os chefes esqueceram-se dele: a onda de lava descia contra o heróico soldado; os vapores sulfurosos que ela desprendia não tardariam em asfixiá-lo. Um verdadeiro e real inferno o ameaçava . . . Mas a sentinela não arredou o pé de seu posto. Deixou-se enterrar nas cinzas ardentes e no meio das cinzas ardentes pereceu.

Muitos séculos depois, feitas escavações nas ruínas de Pompéia, se encontraram ainda os restos do destemido soldado que perecera, heroicamente, em seu posto no cumprimento dramático de seu dever militar.

O capacete, a lança e a couraça desse herói anônimo se conservam, até hoje, no Museu de Nápoles. A sentinela de Pompéia é a égide admirável dos que morrem no cumprimento do dever.

Muitas são, meu amigo, as obrigações que tens de cumprir: obrigações para com Deus, para com o próximo, para com a Pátria, para com a Igreja. Sê inflexível ao cumpri-las e, á semelhança da sentinela de Pompéia, prefere que as cinzas te aniquilem a que desertes, por covardias, de teus deveres e compromissos.

Fonte: Lendas do Céu e da Terra.
Ilustração: O último dia de Pompéia – Kar Briullov (1827-1833)
(http://bloglanostraitalia.blogspot.com.br/2011/07/pompeia-cidade-sepultada-pelo-vesuvio.html)