segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Milagre de Natal na Hungria

O maravilhoso milagre que vamos narrar ocorreu por ocasião do Natal de 1956, na Hungria então subjugada pela Rússia comunista. O prodígio, inteiramente verídico e largamente conhecido, chegou ao Ocidente através do relato do Pe. Norberto que exercia o sacerdócio numa paróquia de Budapeste, antes de escapar para o Ocidente, fugindo da perseguição que os marxistas moviam aos católicos em seu país.

Na escola dessa paróquia, ensinava a professora Gertrudes, atéia militante. Todas as suas lições giravam em torno da impiedade e da negação de Deus. Tudo lhe servia para denegrir e ridicularizar a Igreja Católica. O seu programa de ensino era simples: arrancar a Fé da alma das crianças e formar legiões de pequeninos "sem Deus".
Suas alunas, mesmo intimidadas, não se deixavam convencer com as troças da mestra. Coisa curiosa: Gertrudes parecia adivinhar quais as que comungavam — eram estas as mais perseguidas.

Um dia, uma menina de dez anos, chamada Ângela, procurou o Pe. Norberto e pediu-lhe licença para comungar diariamente. Muito inteligente, muito bem dotada, era a melhor aluna da classe e da escola. O sacerdote mostrou os riscos a que se expunha, mas ela insistiu: "Senhor padre, a mestra não conseguirá apanhar-me em falta, asseguro-lhe, e trabalharei melhor. Não me recuse o que lhe peço. Nos dias em que comungo sinto-me mais forte. O senhor padre disse-me que devo dar bons exemplos. Para dar esses exemplos, preciso sentir-me forte." O padre acedeu.

Desde esse dia, Ângela viveu um verdadeiro inferno. Apesar de saber sempre as lições, a mestra implicava continuamente com ela. A criança resistia, mas ficava nitidamente abatida. A partir de novembro, as aulas passaram a ser autênticos duelos entre a professora e a pequena discípula.

Aparentemente, a mestra triunfava e dizia sempre a última palavra. Todavia, a sua irritação era tão grande que até o silêncio de Ângela a punha fora de si. Aterradas, as outras crianças pediam socorro ao padre Norberto, que nada podia fazer. "Graças a Deus — lembrava — Ângela continuava firme na sua Fé, e a nós restava rezar com absoluta confiança na misericórdia divina".

Pouco antes do dia de Natal, a 17 de dezembro, a professora inventou um estratagema cruel que, em sua opinião, devia dar um golpe mortal naquilo que ela designava por "superstições ancestrais" das alunas. E preparou a cena com sádico entusiasmo. Naturalmente, a pobre Ângela seria a vítima. Com voz doce, a professora fez um longo interrogatório para que ela e a classe se certificassem de que pessoas vivas atendem quando são chamadas. As mortas, ou as que só existem nas histórias, não podem obviamente aparecer.

Mandou então Ângela sair da sala de aula e ficar do lado de fora. Ato contínuo, fez com que as alunas a chamassem em coro. Ângela entrou muito intrigada, pressentindo uma cilada. "Afinal — sentenciou a mestra — estamos todos de acordo. Quando chamamos aqueles que vivem, que existem, é certo que eles vêm mesmo. Quando chamamos os que não existem, eles não podem vir... Ângela, que está aqui, viva, em carne e osso, ouviu-nos chamando-a e veio. Suponhamos que chamássemos o Menino Jesus. Parece que há entre vós quem acredite nEle..." — acrescentou maliciosamente.
Houve um instante de silêncio, de medo, talvez, mas as meninas, embora timidamente responderam: "Acreditamos".

"E tu, Ângela, também crês que o Menino Jesus te ouve quando o chamas?" - perguntou-lhe a perversa Gertrudes. Apesar de ver ali a cilada que havia pressentido, a criança respondeu com ardente fervor: "Sim, creio que Ele me ouve!".

"Muito bem", replicou a mestra. "Façamos a experiência: as meninas viram que Ângela, quando a chamávamos, veio imediatamente. Se o Menino Jesus existe, Ele vos ouvirá chamando-O. Gritem todas ao mesmo tempo e com força: Vem Menino Jesus! Vá! Um, dois, três! Chamem!".

Intimidadas, as crianças permaneceram caladas. Os argumentos da mestra tinham-nas impressionado. Gertrudes soltou uma gargalhada prolongada, diabólica...

De repente, deu-se o imprevisto. Levantando-se, no meio da classe, cheia de esperança e confiança, Ângela olhou em volta para todas as suas colegas, e gritou: "Ouçam-me, vamos chamá-Lo! Gritemos todas: vem, Menino Jesus!".

Num instante, todas se puseram de pé e fizeram ouvir suas vozes num uníssono vibrante. A professora não esperava esta súbita reação. Um impulso sobrenatural se manifestava naquela que se revelava a mais ardorosa e esperava o milagre.

Quando o clamor das alunas estava no auge, a porta abriu-se sem ruído, entrando por ela uma claridade intensíssima, que crescia, crescia, como a chama de um enorme fogo. No meio deste clarão, um globo cheio de luz abriu-se mostrando um Menino lindíssimo e risonho, todo vestido de luz. O Menino sorria, não falava, e todas as alunas sorriam também, tranquilas e contentes.

Depois o globo fechou-se devagar e desapareceu suavemente. A porta fechou-se sem que ninguém a tocasse. As crianças olhavam ainda para lá quando um grito agudo se fez ouvir.

Aterrada, olhos esgazeados, braços esticados, a professora gritava com louca: "Ele veio! Ele apareceu!" E fugiu completamente desnorteada, batendo com a porta.

O padre Norberto disse que interrogou as crianças uma por uma. E atestou, por juramento, que não encontrou nas suas palavras a menor contradição.

Quanto à professora Gertrudes, teve o fim que merecia: enlouquecida, teve de ser internada numa casa de saúde. E ali, sob o impacto de tremendo abalo que sofreu, não cessava de repetir: "Ele veio! Ele Veio!".

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Saudades da velha escola

Que saudades dos velhos tempos. Quando não se ensinava marxismo nas escolas; quando não se dava livro chato para os alunos lerem, e nem se tratava com indiferença às crianças. Antigamente, as aulas escolares eram uma extensão da educação familiar. Os pais tinham prazer em deixar seus filhos na escola, com a certeza de que iriam ser tratados dignamente. Repreendiam os filhos que não mostrassem boa educação. Os livros indicados para leitura eram muito bons e davam a devida formação moral para as crianças. O professor era tratado com respeito. Sempre antes de começar as aulas rezava-se uma Ave-Maria. E havia um grande crucifixo de madeira fixado na parede.
Os alunos tinham brincadeiras inocentes. Não tinham a tão prejudicial "eletricidade" que a televisão e a internet transportam nossos jovens para a loucura do mundo moderno. A formação psíquica tradicional fazia daquelas crianças futuros homens equilibrados e prontos para o mundo dos adultos, para as atitudes sérias e de responsabilidades. A inocência preparava os jovens para os namoros sérios e casamentos sólidos.
Pensemos em nossas crianças. Ai daqueles que colaboram para a perdição da juventude: "Mas, se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar." (São Mateus, 18:6)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Eu sou a culpada

Aconteceu numa comunidade religiosa. Uma noviça cometera uma falta que transtornava a ordem e repercutia em toda a comunidade. Algumas colegas pensavam que devia receber uma boa repreensão. Outras apelavam para a inexperiência e falta de maturidade da jovem. A expectativa era grande. A Mestra convocou a comunidade para uma reunião. Por sorte a vítima estava ausente:

- Prezadas irmãs, é preciso castigar a culpada. Penso que ainda não sabem quem é a verdadeira culpada. A culpada de tudo o que aconteceu... sou eu mesma, devido ao meu mau exemplo, minha incompetência e negligência. Portanto, quem merece o castigo sou eu.

Silêncio sepulcral na sala. Perplexidade em todos os semblantes. Para amenizar a situação e descarregar a atmosfera pesada que se formou, uma jovem pediu a palavra:

- Com licença! Vamos repartir a culpa. Cada uma de nós tem um pouco de culpa por causa de nossa conduta e nosso mau exemplo. Convido todas para cantar um canto de perdão.

Fonte: Boletim do Padre Pelagio
Foto: http://www.audicoelum.mus.br/salmos.htm