Mas porque Almas Castelos? Eu conheci algumas. São pessoas cujas almas se parecem com um castelo. São fortes e combativas, contendo no seu interior inúmeras salas, cada qual com sua particularidade e sua maravilha. Conversar, ouvir uma história... é como passear pelas salas de sua alma, de seu castelo. Cada sala uma história, cada conversa uma sala. São pessoas de fé flamejante que, por sua palavra, levam ao próximo: fé, esperança e caridade. São verdadeiras fortalezas como os muros de um Castelo contra a crise moral e as tendências desordenadas do mundo moderno. Quando encontramos essas pessoas, percebemos que conhecer sua alma, seu interior, é o mesmo que visitar um castelo com suas inúmeras salas. São pessoas que voam para a região mais alta do pensamento e se elevam como uma águia, admirando os horizontes e o sol... Vivem na grandeza das montanhas rochosas onde os ventos são para os heróis... Eu conheci algumas dessas águias do pensamento. Foram meus professores e mestres, meus avós e sobretudo meus Pais que enriqueceram minha juventude e me deram a devida formação Católica Apostolica Romana através das mais belas histórias.

A arte de contar histórias está sumindo, infelizmente.

O contador de histórias sempre ocupou um lugar muito importante em outras épocas.

As famílias não têm mais a união de outrora, as conversas entre amigos se tornaram banais. Contar histórias: Une as famílias, anima uma conversa, torna a aula agradável, reata as conversas entre pais e filhos, dá sabedoria aos adultos, torna um jantar interessante, aguça a inteligência, ilustra conferências... Pense nisso.

Há sempre uma história para qualquer ocasião.

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15)

Nosso Senhor Jesus Cristo ensinava por parábolas. Peço a Nossa Senhora que recompense ao cêntuplo, todas as pessoas que visitarem este Blog e de alguma forma me ajudarem a divulga-lo. Convido você a ser um seguidor. Autorizo a copiar todas as matérias publicadas neste blog, mas peço a gentileza de mencionarem a fonte de onde originalmente foi extraída. Além de contos, estórias, histórias e poesias, o blog poderá trazer notícias e outras matérias para debates.

Agradeço todos os Sêlos, Prêmios e Reconhecimentos que o Blog Almas Castelos recebeu. Todos eles dou para Nossa Senhora, sem a qual o Almas Castelos não existiria. Por uma questão de estética os mesmos foram colocados na barra lateral direita do Blog. Obrigado. Que a Santa Mãe de Deus abençoe a todos.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O pesadelo e a extrema unção



Iniciava a noite. O padre José, depois de ter cumprido com suas obrigações, fechava a igreja para ir à casa paroquial rezar o Breviário – oração obrigatória a todos os padres. Ia caminhando pela rua e observou que não tardaria a chover. Chegando em sua casa, se acomodou na cadeira e começou a rezar o Ofício Divino (Breviário). Essa oração, na verdade composta de várias orações e leituras magníficas, compõe um livro, que se reza de conformidade com o tempo litúrgico. Ao terminar de rezar, já tarde da noite, resolveu ir dormir. A chuva já se fazia forte. Adormeceu por volta das 23 horas. Porém, muito cansado pelos afazeres do dia, teve um pesadelo.

Sonhou que à meia noite, ao badalar dos sinos do grande relógio de parede, alguém batia na porta com muita força e insistentemente. Ainda em sonhos, levantou e foi ver o que estava ocorrendo.

“Quem será que bate apavoradamente, numa hora dessas...” – pensou.

Abriu a porta, e debaixo daquela chuva torrencial, um homem todo encapotado lhe falou:

- “Padre, por favor, minha mulher está morrendo, precisa vir comigo para lhe dar a extrema unção.”

Em sonhos, o padre pensava:

“Pode ser um bandido, pode ser uma mentira...” - a chuva estava muito forte e fazia frio – “mas pode ser verdade também.”

A indecisão: ia ou não ia atender aquele pedido aflito, pois o homem tinha aparência meio suspeita. Enfim, pensou um pouco e decidiu ir, pois se fosse verdade, não deveria deixar de dar os últimos sacramentos para uma moribunda.

- “Espere um pouco, meu filho. Vou colocar um agasalho melhor.”

E assim, depois de preparado para enfrentar a chuva e os perigos que poderiam advir, o padre apareceu novamente, fechando a porta para acompanhar o estranho.
Naquela época se andava de carruagem, e tendo subido nela, o cavalo começou a galopar desenfreadamente.
Como andava muito e nunca chegava o padre colocou a cabeça para fora e perguntou:

- “Meu filho, ainda falta muito?”

Ao que o estranho que estava dirigindo a carruagem gritou entre o barulho da chuva e trovões:

- “Já, já chegamos, padre. Estou fazendo o que posso para chegar logo”.

A carruagem chacoalhava muito, os cavalos corriam sem parar. Parecia que a coisa era realmente grave e séria. Passado mais algum tempo, e nenhuma casa pelo caminho... Só estrada de terra molhada. O padre estava ficando impaciente. Mais uma vez perguntou:

- “Meu filho, onde está sua mulher? Demora muito ainda?”

Ao que o estranho respondeu:

- “Já chegamos, é logo ali depois da fileira de árvores.”

Passado a fileira de árvores, realmente apareceu uma casinha muito humilde e pequena.
O estranho desceu, abriu a porta para o Padre lhe ajudando a descer da carruagem.
A porta da casa já estava meia aberta, o padre a empurrou e se viu numa sala pequena. Depois da sala uma cortina grossa. O padre perguntou:

- “Onde está sua mulher?”

O estranho respondeu:

- “No quarto, atrás da cortina, pode entrar”.

Ao que o padre abriu a cortina, detrás dela apareceu um horrível demônio com uma faca na mão tentando esfaqueá-lo desesperadamente e com muito ódio.

Ante tal pesadelo, o padre acordou assustado. Suspirava muito e suava frio de susto. Mas percebeu que não foi só o pesadelo que o havia acordado. Mas o som muito forte de alguém batendo desesperadamente em sua porta. O relógio estava tocando suas badaladas, pois era meia noite, assim como no pesadelo que tivera.
O padre mais assustado ainda, pensou:

“Quem poderia ser numa hora dessas... Talvez eu não devesse abrir a porta. O pesadelo pode ter sido um aviso de Deus. Pode ser um bandido que poderia me assaltar e assassinar.”

No entanto a pessoa, não parava de bater na porta e cada vez mais forte, com muita insistência. O padre pensou:

“Não se deve dar importância aos sonhos, afinal foi apenas um pesadelo, apesar da coincidência.”

Caminhou até a porta e abriu a porta. O susto foi tão grande que quase o padre tombou para trás. Era o mesmo estranho do sonho que lhe pedia:

- “Padre, por favor, minha mulher está morrendo, precisa vir comigo para lhe dar a extrema unção.”

O padre pensou:

“Não pode ser possível... a mesma pessoa do sonho... o mesmo pedido de ajuda... a mesma noite de tempestade, as mesmas badaladas do relógio... Era um aviso realmente.”

- “Meu filho, não poderei ir lhe atender, a chuva está forte e a noite muito fria.” – disse-lhe o padre com muito medo.

Ao que o estranho respondeu:

- “Padre, eu vos suplico, somos uma família católica. O Sr. não pode deixar minha mulher morrer sem os últimos sacramentos.”

O padre vendo o desespero na face do estranho, novamente pensou que não deveria dar atenção ao pesadelo. Além do mais não deveria deixar de dar os últimos sacramentos para uma moribunda. Assim lhe disse:

- “Espere um pouco, meu filho. Vou colocar um agasalho melhor.”

E assim, depois de preparado para enfrentar a chuva e os perigos que poderiam advir, o padre apareceu novamente, fechando a porta para acompanhar o estranho.
Tudo era coincidentemente igual ao pesadelo. O mesmo estranho, o mesmo pedido, a mesma carruagem, a mesma noite chuvosa, os relâmpagos e os trovões...
O padre ia rezando para que Deus o protegesse.
Como andava muito e nunca chegava o padre colocou a cabeça para fora e perguntou:

- “Meu filho, ainda falta muito?”

Ao que o estranho que estava dirigindo a carruagem gritou entre o barulho da chuva e trovões:

- “Já, já chegamos, padre. Estou fazendo o que posso para chegar logo”.

Ora, esse diálogo já havia ocorrido no pesadelo. Tudo estava acontecendo igual.
A carruagem chacoalhava muito, os cavalos corriam sem parar.
Então o padre pensou:

“Não vou perguntar mais nada, pois assim não fica igual ao pesadelo que eu tive...”

Mas a demora era demasiada, a paciência se esgotava, nunca se chegava ao local...
Então o padre não agüentou e perguntou:

- “Meu filho, onde está sua mulher? Demora muito ainda?”

Ao que o estranho respondeu:

- “Já chegamos, é logo ali depois da fileira de árvores.”

Nossa! Que coisa terrível. Tudo estava acontecendo igual o pesadelo que o padre tivera.
Passado a fileira de árvores, realmente apareceu uma casinha muito humilde e pequena.
O estranho desceu, abriu a porta para o Padre lhe ajudando a descer da carruagem.
A porta da casa já estava meia aberta, o padre a empurrou e se viu numa sala pequena. Depois da sala uma cortina grossa. O padre perguntou:

- “Onde está sua mulher?”

O estranho respondeu:

- “No quarto, atrás da cortina, pode entrar”.

A dúvida. E agora? O que o padre deveria fazer? Até então tudo estava igual ao pesadelo. O pesadelo deveria ser um aviso mesmo. A indecisão: abre ou não abre a cortina....
Então o padre respirou fundo, tomou um ato de coragem e com a cruz na mão, afastou a cortina....

Depois da cortina, lá estava a mulher numa cama... deitada já quase em agonia.
O padre mais do que depressa deu-lhe a extrema unção, rezando pela moribunda.
Tão logo acabou de ministrar os sacramentos, a mulher deu um último suspiro e entregou sua alma a Deus. O estranho, que era marido daquela mulher, e o padre se puseram a chorar copiosamente, e de joelhos agradeceram a GRAÇA de Deus pelo fato de ter dado tempo da mulher receber os últimos sacramentos antes de seu último suspiro.

O Padre então percebera: o pesadelo foi obra do demônio, para impedir aquela mulher de receber os últimos sacramentos.

Tomemos muito cuidado, pois o demônio é mestre na arte de perder as almas. Não tenhamos medo de nada, sejamos heróis na prática da virtude.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O grande milagre


Ao lado da Itália, atravessando o Mar Adriático, encontramos a cidade de Shkodra, uma das cidades mais antigas e históricas da Albânia. Nessa cidade havia um movimento grande de peregrinos. Todos iam visitar a sagrada e milagrosa pintura de Nossa Senhora que se achava numa parede.

Esse ícone que estava lá por séculos, mantinha milagrosamente as cores vivas. Fonte de muitos milagres, a lindíssima imagem de Nossa Senhora que lá estava, tinha 42,5 centímetros de altura por 31 centímetros de largura e havia sido pintada na parede, numa fina camada de reboco. Ignora-se quando e por quem foi pintada.

Com as guerras havidas na época, a cidade foi cercada pelos inimigos. Então dois albaneses, Gjorgji e De Sclavis, devotíssimos de Nossa Senhora, se colocaram aos pés da Virgem do ícone milagroso e rezaram pedindo um conselho: se deveriam ficar, lutar e morrer como heróis da fé, ou se deveriam partir em segurança.
Inesperadamente ocorreu o grande milagre: a imagem se desprendeu e flutuou no ar sendo sustentado por anjos. E dessa forma foi em direção ao Mar Adriático. Gjorgji e De Sclavis, extasiados, entenderam que era para seguir Nossa Senhora e esse era o Conselho que Ela lhes dava, e assim o fizeram.

Chegando em Roma os anjos e o ícone desapareceram entre as nuvens.

Depois de algum tempo, houve rumores sobre uma imagem de Nossa Senhora que havia aparecido milagrosamente na cidade de Genazzano, próximo de Roma. Imediatamente Gjorgji e De Sclavis correram para essa cidade e lá identificaram a Santa e Milagrosa Pintura de Nossa Senhora. Depois disso, os dois homens fixaram moradia em Genazzano. É fácil de imaginar a alegria de todos ao verem tão estupendo milagre.



BEATA PETRUCCIA DE NOCERA

Antes de ocorrer o tão grande milagre, o Papa Sisto III havia solicitado ajuda para reformas na Basílica de Santa Maria Maggiore. Como o povo de Genazzano havia contribuído generosamente, foi lhe dado em troca um terreno, onde foi erguida uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho. Com o passar do tempo a igreja, sem cuidados, foi caindo em ruínas. Petruccia de Nocera, com mais de oitenta anos, viúva e da ordem terciária de Santo Agostinho, por uma inspiração divina, sentiu-se movida a reparar o templo com seus próprios mas reduzidos recursos. Sem encontrar ajuda, ela gastou o que possuía sem conseguir terminar as obras.

Na festa de São Marcos, em 25 de abril de 1467, a população se reuniu para festejar. Por volta das 16h o povo ouviu uma bela música, e procurou de onde vinha. Então viram uma nuvem, em meio ao céu claro, descer do céu e cobrir uma das paredes inacabadas da igreja, lá permanecendo por algum tempo. Quando a nuvem se dissipou, a população atônita viu sobre a parede uma pintura da Virgem com o Menino onde nada existia antes, e então os sinos começaram a tocar sozinhos, atraindo as pessoas de longe para ver o que estava acontecendo. A própria Petrucia, que estava longe, veio depressa, e ao ver a imagem caiu em prantos. Era a imagem que os anjos trouxeram da Albânia.

Depois da notícia se espalhar por toda a Itália, peregrinos começaram a chegar de todos os lugares, havendo muitos milagres diante da pintura. Foi tão grande o número de prodígios que foi indicado um notário para registrar os mais notáveis, e este registro ainda existe, listando 171 milagres. Ficou sendo conhecida como Nossa Senhora do Bom Conselho.

Além de suas propriedades miraculosas, a imagem por si mesma é extraordinária, pois ela desde o século XV permanece como que suspensa no ar, sem moldura ou fixação, afastada da parede cerca de três centímetros, apenas parcialmente tocando uma base em sua borda inferior. Relatos diversos afirmam ainda que a fisionomia da Virgem muda de acordo com certas circunstâncias.

O povo da Albânia não esqueceu da imagem desaparecida, e ainda a festeja duas vezes no ano, rezando para que ela volte para sua antiga casa.

O papa Pio XII colocou seu papado sob a proteção da Virgem do Bom Conselho.

NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO, ROGAI POR NÓS.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Instrumentos antigos

Para completar o ciclo das musicas medievais, achei interessante postar mais esse video para mostrar como se toca o "pandero" medieval. O instrumentista tem uma habilidade incomum. Vale a penas conferir mais esse video.

Ductia, uma dança medieval

Meu amigo de anos, Angelo Miguel, fez a publicação dessa dança em seu blog O Combate.Mas achei tão bonita, que não resisti e publico aqui também.

Quem executa essa música é o grupo Mira Gestorum do Chile, com instrumentos de época: flautas doce, cascabel, tambor medieval, pandero com baqueta de metal...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Escreva sempre



Quando este artigo abaixo foi publicado na Revista Seleções do Reader’s Digest, talvez ainda não se tinha o hábito de enviar e-mails, ou também não havia tantos programas de comunicação pela internet. Mas mesmo assim, o texto tem sua atualidade. E por achar importante, faço essa postagem:

Escrever uma “carta” é uma das coisas mais interessantes nos meios de comunicação. A “carta” em sí, tem um sabor especial, diferente. Toda pessoa que já guardou uma carta, sabe o que eu estou falando... Quantas vezes não a pegamos e relemos por várias e várias vezes... Às vezes uma carta simples, mas importante em razão de quem nos enviou. Seu conteúdo tem por vezes um breve “alô”, uma mensagem de prosperidade, um feliz natal ou bom aniversário, ou por vezes contos ou historias muito interessantes.

Quantas vezes não guardamos essa carta com carinho, e somente o fato de ter-mos ela em mãos nos dá a sensação da presença da pessoa que a escreveu...

Pode um telefonema fazer isso?

As pessoas criaram o hábito de telefonar por questões de falta de tempo, etc.. e com isso a arte de escrever cartas pode cair no esquecimento.

De fato, preocupa-me que o telefone esteja substituindo a carta, que escrever cartas comece a ficar fora de moda. Sim, as pessoas hoje em dia - sejam namorados, família ou amigos, e especialmente os jovens - telefonam mais vezes do que escrevem. Dizem que nunca têm tempo para escrever: estão demasiado ocupadas, demasiado cansadas. É tão rápido e mais fácil telefonar!

O telefone, porém é terrivelmente transitório. Imagine a perda se Pero Vaz de Caminha tivesse telefonado ao Rei de Portugal, ao invés de mandar aquela famosa carta... hoje certamente não saberíamos o que ele teria contado ao Rei e nem poderíamos apreciar aquele tão importante documento histórico. Imagine ainda a perda de tantas cartas históricas, se seus escritores tivessem telefonado ao invés de escrever. Quantas cartas comuns não foram preservadas e por essas cartas se conheceu como viviam as pessoas antigamente.

Imagine se o telefone tivesse sido instalado nos tempos bíblicos? Se o apóstolo São Paulo tivesse telefonado aos Corintios em vez de escrever suas tão sábias cartas?

É preciso mais tempo e esforço para escrever uma carta do que para telefonar, mas creio que o prazer que dá aumenta proporcionalmente.

Uma vez a mãe de um amigo meu (que trabalha em Curitiba) disse para mim: “Meu filho costumava escrever todas as semanas, mas agora telefona sempre. Eu gosto de ouvir a voz dele, mas acaba tão depressa. Eu costumava ler e reler as suas cartas dias e dias.”

O telefonema passa, mas a carta fica para sempre. Existe um certo “charme” na carta escrita... parece que algo de quem escreve fica na carta, e ao lermos sentimos não só meras palavras, mas os sentimentos e a alma de quem a escreve.

Algumas pessoas dizem que telefonam só porque acham difícil exprimirem-se em papel. “As cartas são mais convincentes” - admite uma amiga, “mas a minha mente fica congelada no momento em que encaro aquela folha de papel branca.”

Outras são dissuadidas de escrever por precaução. Nesta era de copos descartáveis, lenços de jogar no lixo e amizades efêmeras, uma carta permanece. Há uma responsabilidade futura inerente ao ato de confiar os pensamentos ao papel, e isso assusta as pessoas.

Existem inúmeras formas de escrever: um mero cartão postal, um simples bilhete, um texto rápido, um relato, uma história, um conto...

Às vezes até meros recortes de revistas ou jornais com notícias regionais interessantes (como as casas de chocolate ou os cafés), ou uma foto de um castelo (de uma página de revista), certamente com um comentário de quem está mandando a carta.

Existem cartas belíssimas... E se tem vontade de procurar essas cartas e adquiri-las para colecioná-las.

Sem contar a beleza dos selos que acompanhavam as cartas. Havia grandes colecionadores de selos, e um selo mais bonito do que outro.
Se a arte de escrever cartas desaparecer, será realmente muito triste. Não há nada que se compare à alegria de vermos uma mensagem enviada por alguém conhecido.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quase vendi Deus


Alguns anos atrás, um sacerdote mudou-se para Houston, Texas, nos Estados Unidos. Poucos dias depois ele subiu num ônibus para ir até o centro da cidade. Quando sentou, contou o troco e verificou que o cobrador tinha dado a ele uma moeda de 25 centavos a mais. Enquanto viajava, ia refletindo sobre o que deveria fazer, e chegou a conclusão:

“Esquece o assunto: afinal são apenas 25 centavos. Quem vai se preocupar com tão pouca quantidade de dinheiro? Fica com a moeda e aceita-a como uma dádiva de Deus”.


Porém, quando chegou ao deu destino e se apressava para saltar do ônibus, pensou novamente, parou e se voltou para o cobrador:

“Tome, o senhor me deu uma moeda de 25 a mais”.

O cobrador, com um sorriso respondeu:

“Sei que o senhor é o novo padre da paróquia. Eu estava pensando em voltar para a Igreja e quis fazer um teste: O que o novo padre fará se eu der o troco errado”?


O sacerdote desceu do ônibus e pensou:

“Oh meu Deus, por muito pouco te vendo por 25 centavos”!

“Histórias que Evangelizam” – Gilberto Gomes Barbosa – Obra de Maria.

sábado, 18 de setembro de 2010

Conte uma história


Amanhã, dia 19 de setembro de 2010, dia de San Genaro, o Blog Almas Castelos completa 5 (cinco) meses de existência. É um período muito pequeno ainda, mas tentei durante esse tempo todo levar mensagens de Fé e Esperança a todos que vieram visita-lo, e espero continuar a faze-lo.

Fazer apostolado não é tarefa fácil. Ainda mais pela internet.

Agradeço a Nosso Senhor Jesus Cristo e a Nossa Senhora, de Quem sou indigno escravo perpétuo, a possibilidade de poder servi-Los também dessa forma, pela internet.

Agradeço de forma especial o apoio dos reverendíssimos sacerdotes que abençoaram o Blog Almas Castelos, e também os sacerdotes, freiras e religiosos de clausura que rezaram pelo apostolado do Blog.

Agradeço de coração a todos que me apoiaram desde o início. Especialmente os que me ajudaram na divulgação do blog, pois sem essa ajuda preciosa eu nada conseguiria. Agradeço os moderadores dos Blogs amigos que publicaram o selo do Almas Castelos.

Agradeço todos os que visitaram o Blog e os que no decorrer do tempo o foram seguindo, os quais sempre incluí em minhas orações.

Agradeço os amigos e amigas que fiz no decorrer desse tempo.

Agradeço os comentários deixados, os apoios generosos e os vários e-mails de incentivo e das orações de todos.

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16:15)

Repito aqui o que venho dizendo ao longo desse tempo:

A arte de contar histórias está sumindo, infelizmente.

Hoje muitos pais deixam a televisão educar seus filhos. E esta quando não oferece cenas de violência, não raro dão as crianças figuras de monstros para ser seus heróis.
As famílias não tem mais a união de outrora e as conversas entre amigos se tornaram banais.
A arte de contar histórias sempre ocupou um lugar muito importante em outras épocas.

Contar histórias: Educa as crianças, faz apostolado com os jovens e adultos, une as famílias, anima uma conversa, torna a aula agradável, reata as conversas entre pais e filhos, ensina de forma interessante, afasta a criança da televisão, fortalece a inteligência, torna um jantar interessante, corrige fraternalmente, aguça a inteligência, eleva o namoro, desperta o gosto pelo pensamento, ilustra as conferências, é um método bom para apostolado, além de TANTOS outros benefícios...
Pense nisso.
Há sempre uma história para qualquer ocasião.

Imagine um jantar... a família reunida.... uma suave conversa e no meio, para enriquece-la uma história bem contada... é felicidade da família com certeza.

Obrigado a todos.
Jorge de Almas Castelos

A Freira que viu sangue


Quando eu era uma criança, minha avó paterna me contou um fato interessante. Depois com o passar dos anos, já tendo me formado na Faculdade de Direito, ao conversar com um amigo num café do centro de São Paulo, ele me contou a mesma história. De fato, antes essa história circulava muito, mas hoje caiu no “esquecimento”... Passo a narrar o que ela me contou:

Um taxista, numa manhã de sol, se despediu da família e entrou no seu automóvel para ir trabalhar. No seu automóvel havia uma imagem pequena de Nossa Senhora fixado no painel, e como era seu costume, antes de sair rezou três “Ave-Marias” para que a Mãe do Céu o protegesse e à sua família, pedindo também que Nossa Senhora lhe mandasse passageiros suficientes para que ele pudesse trazer o sustento para sua casa. Depois disso, ligou seu automóvel e calmamente saiu pelas ruas de São Paulo.

Depois de algum tempo ele observou uma freira que vestia um hábito muito bonito na beira da calçada. Pensou: “Acho que ela precisa de um táxi.” Parou perto dela e saindo do automóvel abriu a porta traseira para que ela adentrasse. E foi o que ela fez.
Sorrindo por ser o seu primeiro cliente, perguntou:

- “Bom dia irmã, para onde a senhora quer que eu a leve?”

Ela, que era uma freira já de idade avançada, mas com rosto angelical, lhe respondeu:

- “Ao mosteiro da Luz, na Avenida Tiradentes.”

Então o taxista, zelosamente em sua profissão, tomou o rumo indicado.Porém ao passar pelo Viaduto do Chá, a freira pediu para o taxista parar o carro. Ele estacionou e ela saiu do automóvel e se apoiando no muro lateral do viaduto, ficou observando detidamente o movimento dos carros que passavam por debaixo do viaduto. Como ela demorava muito para voltar ao carro, o taxista resolveu ir falar com ela muito respeitosamente.

- “A senhora precisa de alguma coisa? Está esperando alguém? Olhando o movimento?”

Foi então que a freira olhou para o taxista e disse:

- “Estou vendo rios de sangue que inundarão as ruas do Brasil.”

O taxista empalideceu, olhou para a rua que estava embaixo do viaduto, e voltando os olhos novamente para a freira disse:

- “A senhora não quer que eu lhe ajude a voltar para o carro?”

A freira com olhar de doçura e muita bondade, deu meia volta e entrou no carro para prosseguir no seu trajeto. Chegando ao belíssimo Mosteiro da Luz, a freira saiu do automóvel e entrou no Mosteiro. O taxista esperou por mais de meia hora, mas a freira não voltava para pagar-lhe a corrida. Cansado de tanto esperar ele resolveu bater na porta do Mosteiro. Logo veio uma freira de meia idade abrir a porta.

- “Pois não, o que o senhor deseja?”

E o taxista explicou que havia trazido a freira e que precisava receber seu dinheiro para prosseguir no seu trabalho. A freira que lhe atendeu, disse-lhe:

- “Isto é impossível, pois ninguém saiu daqui e ninguém chegou também desde ontem à tarde. Nossas irmãs estão todas recolhidas numa cerimônia.”

Ante a insistência do taxista, a freira convidou-o a entrar e então apontar qual é a freira que ele trouxe de táxi.As freiras estavam todas numa sala, numa cerimônia de réquiem, rezando.Olhando para todas elas ele não identificava nenhuma, mas de repente o taxista tomou um susto muito grande e empalideceu. Era justamente a irmã falecida que estava na urna funerária que havia pegado o táxi. Ao relatar isso, a freira se admirou muito, pois a irmã havia
falecido no dia anterior e estava sendo velada.

- “O senhor tem certeza de que era mesmo esta freira?” – indagou a irmã.

- “Sim, absoluta certeza” – respondeu o taxista relatando tudo o que tinha havido, inclusive a visão das ruas cheias de sangue. As freiras então choraram e se afervoraram em suas orações. O taxista saiu muito impressionado, rezando para que Nossa Senhora protegesse o Brasil de todas as coisas ruins que viriam num futuro breve.

Fonte: Blog Ponto de Táxi - O nosso ponto de encontro. http://pontodetaxi0001.blogspot.com

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Xeque-Mate no diabo

O Jogo de Xadrez é um jogo muito interessante. Além de entreter as pessoas, é um ótimo estimulador da inteligência.
Um bom jogador deve estudar os tipos de ataques e de defesa. Cada tipo de ataque ou de defesa tem um nome. Não se trata de simplesmente movimentar as peças, mas o movimento deve ser acompanhado com raciocínio e estratégia.

No livro "Lendas do Deserto", escrito por Malba Tahan, há uma lenda árabe sobre o xadrez:

Conheci na célebre cidade de Damasco, já lá se vão muitos anos, um velho enxadrista cristão chamado Ibrahim Calemah.
Era um homem baixo, calvo, de barbas brancas; tinha o nariz deformado por uma cicatriz; os seus olhos negros, extremamente vivos pareciam dois pequeninos besouros - desses estranhos besouros do deserto que os árabes de minha tribo denominavam astemalak.
Contaram-me os damascenos que o Xeque Ibrahim, por causa da sua incorrigível mania e paixão pelo jogo de xadrez, se envolvera em perigosas aventuras.
De uma feita viu-se em séria atrapalhação com o próprio Diabo!
Com o Diabo?
Devia ser surpreendente essa aventura do cristão com o Maligno que os árabes denominam Cheitã. Procurei conhecê-la. E um dia finalmente, naquele pequeno café que fica junto à porta de Santo Tomás, interroguei sobre o caso o famoso enxadrista.
Como conseguira ele enfrentar o próprio Gênio do Mal?
O velho Ibrahim, com sua enorme paciência, contou-me o seguinte:

- Nesse tempo eu não passava de um presumido enxadrista. A vaidade encastelara-se em meu coração. Tinha-me na conta de invencível. Conhecia milhares de golpes, lances secretos, contra-ataques e xeques que seriam suficientes para desnortear o adversário mais perigoso.
Uma noite, depois de ter derrotado, num violento torneio, vários campeões, um de meus amigos interpelou-me:

- "Você teria coragem de bater-se contra o Emir de Hedjaz, o campeão da Arábia?".

- "Ora, ora" – respondi em tom de menoscabo. – "Eu seria capaz de jogar xadrez até com o Diabo!".
Aquela minha descabida bravata, dita com seriedade e convicção, surpreendeu os meus companheiros. Um pesado e impressionante silêncio seguiu-se às minhas palavras. Um maronita, bom católico, fitou-me horrorizado e respondeu-me circunspecto:

- "Não diga isso, Ibrahim! É uma afronta à nossa crença!".

- "Qual afronta, nem meia afronta!" - repliquei desabusado. – "Diante do tabuleiro não temo adversário algum!".

Nessa noite, entretanto, ao regressar para casa sentia que praticara uma grave imprudência. Uma inquietação indefinível pesava em meu espírito já um pouco conturbado. Procurei dominar a sensação de temor que pouco a pouco me invadia.
A noite estava muito escura; poucas estrelas se avistavam no céu de Damasco. O vento, com rajadas incertas, varria as ruas desertas, uivando como um chacal faminto.
Passei por Aab-el Feredj, caminhei pela rua Menac e cheguei finalmente em nossa casa em Elebeh. Minhas irmãs dias antes haviam seguido para Jerusalém e eu me achava, por isso, só.
Abri cautelosamente a porta e entrei. Acendi logo a vela e encaminhei-me para o meu quarto.
O tabuleiro de xadrez, com as suas trinta e duas peças, achava-se justamente como eu o havia deixado.
E como me sentisse vagamente nervoso e sem sono, resolvi analisar uma das partidas que havia jogado, de tarde, durante o torneio. Preparei pois o tabuleiro e arrumei todas as peças em seus lugares.
Nesse momento ouvi um estranho ruído. Voltei-me rápido e vi de pé diante de mim um cavaleiro alto, de ombros largos, todo vestido de preto. O seu rosto era cor de bronze e seus olhos despediam um estranho lume.

- Quem é o senhor? - bradei, tomado de indizível espanto. - Que deseja a esta hora em minha casa?

- Calma, meu amigo - respondeu o desconhecido, fitando-me nos olhos, penetrantemente. Calma, ó Xeque Ibrahim! Em poucas palavras explicarei o motivo desta minha inesperada visita. Ouvi hoje o teu insensato desafio. A tua petulância irritou-me. E aqui estou para medir a tua tão celebrada força de enxadrista.

Só então percebi, trêmulo de pavor, que tinha diante de mim o Diabo - aquele inimigo que os árabes chamam Cheitã, o infernal.
Procurei dominar-me e balbuciei:

- Não me bato com o Demo!

- Mudarás de idéia, meu caro! - ameaçou Satã acompanhando as suas palavras de uma risadinha estridente, metálica, desagradável. - O desafio foi teu. E agora estás obrigado a aceitar-me como adversário.

E, depois de uma ligeira pausa, prosseguiu com severíssima catadura:

- Vamos jogar uma única partida. Se venceres receberás como prêmio esta bolsa com cem libras; se perderes terás que abandonar para sempre o jogo de xadrez!

Já mais calmo, enchi-me de coragem e respondi:

- Aceito a sua proposta. Vamos ao jogo, Sr. Diabo!

- Uma condição ainda - advertiu num tom muito grave o temível Cheitã - durante a nossa partida não farás gesto algum, nem dirás palavra que seja incompatível com a minha presença. Prometes?

- Assim o prometo - confirmei com segurança.

Sentamo-nos em silêncio diante do tabuleiro. O Diabo escolheu as pretas e eu joguei com as brancas.
Iniciei, desde logo, um ataque violento, com os peões; avancei com os bispos e coloquei em boa posição os meus cavalos. De repente, porém, por um descuido, perdi uma peça e o Diabo passou para a ofensiva. Ao fim de poucos lances a minha posição tornou-se delicadíssima; o meu rei estava sob a ameaça de xeque-mate, isto é, a partida para mim estava em grave perigo.
Procurei defender-me com as torres. Os meus planos, porém, foram inutilizados por um xeque duplo que atirou por terra a minha dama e um de meus bispos. Percebi, nesse momento, que estava perdido. O Diabo com, uma torre e dois cavalos, cercava o meu rei.
Em dado momento cascalhou uma grande risada e clamou:

- E agora, campeão? Ainda julgas que podes ganhar? Para um jogador de fama não seria preferível abandonar? Em poucos lances darei o xeque-mate no teu rei!

- Vamos! - bradei exaltado. - Não abandono! Quero ver esse xeque-mate!

No momento, porém, em que o Diabo tomou de sua torre preta para completar o lance final que lhe daria a vitória da partida, soltou um rugido surdo, tremendo, e desapareceu.
O abalo foi tão grande que rolei meio estonteado pelo chão.
Quando despertei do susto, as peças do xadrez - reis, torres e peões - estavam espalhadas em redor de mim. Ao pé da mesa, pesada de ouro, estava a bolsa escura. Era o prêmio da vitória.
Havia naquela singular aventura um mistério para mim indecifrável.
Por que teria o Diabo abandonado de repente a partida já inteiramente ganha por ele?
Com calma reconstituí no tabuleiro lance por lance a partida jogada. E, ao chegar ao golpe final, o caso ficou inteiramente esclarecido:
No último lance, em que deveria dar xeque-mate ao meu rei, as oito peças restantes, sobre o tabuleiro formavam a figura perfeita de uma cruz!
E impossibilitado de formar aquele símbolo sagrado, o meu infernal adversário viu-se obrigado a fugir!
Só mesmo a Cruz seria capaz de vencer e esmagar para sempre o Diabo!E com essas palavras o velho campeão dava por finda a narrativa de sua estranha aventura enxadrística.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Poder de uma Mãe


Estando a rezar no mosteiro carmelita, ajoelhado, um amigo religioso da Ordem Carmelita se aproximou e sentou-se ao meu lado. Como me pareceu que ele queria dizer alguma coisa, acabei minhas orações e sentei-me. Ele me disse: “Acabo de sair da clausura com um tesouro”.
Sorri para ele e lhe respondi: “Há muitos tesouros na clausura”.
Ele, que já me conhecia, sorriu também e assim começamos uma conversa caminhando em direção ao jardim externo. Conversávamos sobre a mediação de Nossa Senhora junto ao Pai Eterno. Foi então que me lembrei desta história abaixo, que li no livro “Ave Maria – a oração da Mãe do Senhor – do Pe. Luís Mehler”:

Quando o general romano Coriolano foi injustamente condenado à morte pelos seus concidadãos, fugiu às ocultas e se bandeou para o lado dos inimigos de Roma.

Não tardou muito ele apareceu diante das muralhas da cidade à frente de numerosos batalhões e anunciou que ia vingar-se da pátria ingrata.

Os romanos, consternados, enviaram-lhe diversos mensageiros com grandes quantias de dinheiro para apaziguar o temível general e implorar seu perdão. Mas foi tudo inútil.

Afinal sua própria mãe, já idosa, foi encontra-lo, e o exortou a esquecer o ultraje que havia recebido e a renunciar aos desejos de vingança.

Mal tinha ela acabado de falar, e já Coriolano lhe tinha concedido tudo quanto havia pedido: no mesmo dia foi levantado o cerco de Roma, e a cidade se salvou.
Se um general pagão e de instintos selvagens nada pode recusar a sua mãe, como poderá o Filho de Deus, tão amável e tão bom, rejeitar a Mãe que ternamente ama, e recusar o que Ela Lhe pede?

domingo, 12 de setembro de 2010

Os Potes


Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço.

Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe; o pote rachado chegava apenas pela metade. Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu chefe.

Todos o observavam, mas ninguém entendia por que o carregador não trocava o pote rachado por um novo.

Um observador comentou:

- “Se os potes pudessem falar o pote perfeito estaria orgulhoso de suas realizações, mas o pote rachado certamente se envergonharia de sua imperfeição, sentir-se-ia miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que ele havia sido designado a fazer.”

Após dois anos, tal observador andava pela empoeirada estrada de terra e encontrou o carregador de água abaixado apanhando flores.

Estranhou o fato de só ter flores do lado direito da estrada. E assim perguntou-lhe:

- “Carregador! Que curiosa estrada essa. Há um tempo atrás era um caminho árido, hoje há flores e das mais bonitas, porém me questiono por que há flores somente do lado direito da estrada?”

Ao que o carregador de água lhe respondeu:

- "Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas um pote e meio de água ao meu senhor, porque um dos potes estava rachado e por essa rachadura vinha derramando água pelo caminho. Por causa do defeito do pote, eu jamais consegui levar dois potes cheios de água ao meu senhor. Porém não tendo dinheiro para trocar o pote rachado acabei trazendo no bolso umas sementes e ia jogando pelo caminho. O pote rachado vinha molhando todos os dias a terra árida do lado direito, pois o pote do lado esquerdo estava em perfeito estado e não vazava água. Dessa forma, nasceram flores e colho para levar ao meu senhor para ornamentar a mesa do meu senhor. Se o pote fosse perfeito jamais eu colheria essas lindas flores para seu senhor, que me é muito grato. Dessa forma além da água, levo beleza e graça à casa do meu senhor.

O observador ficou admirado de ver tanta sabedoria em pessoa tão humilde e simples.

"Cada um de nós temos nossos próprios defeitos. Todos nós somos potes rachados. Mas com o reconhecimento de nossos defeitos, e tentando repara-los podemos oferecer flores ao Nosso Senhor".

Desconheço o autor, recebido pela internet.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Rei Alfonso X, o sábio, e Santa Maria

A música foi muito importante na Idade Média. O Rei Alfonso X, o sábio, compos muitas músicas em homenagem à Nossa Senhora e Seus milagres. Essas músicas foram escritas por ele num livro chamado "Cantigas de Santa Maria" e se encontra no museu da Espanha. Há musicas de louvores à Nossa Senhora e também músicas contando os milagres feitos por Ela. Ao terminar de escrever o livro, Alfonso X ficou profundamente doente, chegando-se a pensar que iria morrer. Seus súditos disseram:

- "Já que o Rei era muito devoto de Nossa Senhora e lhe escreveu um livro de canções, coloquemos o livro em sua cabeça, como travesseiro, pois se morrer será sepultado com o livro que escreveu".

Mas grande é a misericória de Santa Maria. Colocando o livro sob a cabeça do Rei Alfonso X, este ficou milagrosamente curado. Levantando-se de seu leito, escreveu mais uma música para agradecer a Santa Maria e a colocou em seu livro também.

Ouçamos uma música de louvor a Santa Maria, chamada Rosa dos rosas. Ela foi escrito na linguagem da época: Galaico-português.


Como surgiu a lenda do Flautista de Hamelin


O Mosteiro de Rupertsberg foi um mosteiro beneditino fundado por Santa Hildegard von Bingen, em Bingen am Rhein, na Alemanha, em 1150, sobre as ruínas de um mosteiro anterior erguido no local da tumba de São Rupert, e que fora destruído no século IX. A igreja do mosteiro foi consagrada em 1152. Com a morte da sua fudadora o mosteiro começou a declinar, e foi destruído na Guerra dos Trinta Anos, no início do século XVII, mas permaneceram algumas ruínas que foram restauradas e reutilizadas até o século XIX. Em 1857 o que restava foi demolido para dar lugar à construção de uma ferrovia.

Era uma região excepcionalmente bela. Em frente a Rupertsberg havia uma ilha rochosa onde se erguia uma torre majestosa que ficou sendo conhecida como Mauseturm (a torre dos ratos). Lá é que ocorreu o impressionante milagre.

Hatto, Bispo de Mayence, tinha um defeito muito grave: era avarento. Em tempos de penúria, tinha acumulado reservas de cereais na torre de sua propriedade, mas se negava a alimentar os pobres que passavam necessidade. Como havia muita queixa, e, exasperado com os lamentos dos pobres que o atormentavam, mandou trancá-los num celeiro ao qual mandou atear fogo.

- "Estão ouvindo os silvos dos meus ratos?", perguntava, escutando os gritos dos pobres.

Mas nenhum mal praticado fica impune aos olhos de Deus...

Nessa mesma noite, bandos de ratos invadiram seu palácio; Hatto, assustado com tal invasão, corria pela torre tentando fugir. O som dos ratos nas portas de madeira eram ensurdecedores. Num ato de desespero, ele saiu de sua torre e correu em direção ao rio Reno. Percebendo que estava sendo seguido, ele se atirou no Reno tentando escapar, mas os ratos o perseguiram e o devoraram vivo.

Os poetas se inspiraram nesse fato tão impressionante para criar uma lenda. Dessa forma surgiu a lenda do Flautista de Hamelin: Um simples tocador de flauta que atraía ratos graças ao som das árias mágicas que tocava; após ter livrado, assim uma cidade de seus roedores, recusaram-se a pagar o preço combinado pelo serviço; então ele volta e, com o canto de sua flauta, atrai as crianças da cidade, que se afogam no rio.

Livro: Hildegard de Bingen - A conciência inspirada no século XII - Regine Pernoud - Editora Rocco.

domingo, 5 de setembro de 2010

A Cartuxa, os Cartuxos e o Chatreuse

Uma das coisas mais admiráveis é a diversidade de Ordens Religiosas da Santa Igreja Católica. Desde frades missionários que viajam pelo mundo em missões, até monges reclusos vivendo da oração e do silêncio, há uma riqueza de almas muito preciosa. Há Ordens para todas as vocações.

Já falei sobre São Bruno, o fundador da Grande Cartuxa. São Bruno presenciou um milagre num ofício de réquiem: um defunto pronunciou palavras dizendo que havia sido julgado e estava condenado ao inferno. Diante disso, São Bruno resolveu abandonar o mundo, para viver na oração e no silencio. Assim fundou a Grande Cartuxa, onde muitas pessoas o seguiram.

Os monges da Grande Cartuxa são conhecidos por "Cartuxos". E da mais extrema solidão e silencio, da mais austera regra religiosa, nasceu um doce licor: o chatreuse. A fórmula desse licor é guardado em segredo pelos monges. Na sua composição há mais de 130 espécies de ervas e flores cultivadas pelos próprios monges.

Há o chartreuse branco (mais raro de ser encontrado), preparado de forma especial. Edição muito limitada.

Há o chartreuse verde, licor forte, cuja cor é devido a presença de clorofila.

Há o charteuse amarelo, que tem as mesmas ervas que o verde mas em diferentes proporções, e é mais suave e doce.

Há o chartreuse VEP (Vieillissement Exceptionnellement Prolongé), fabricado com os mesmos processos que os outros e com a mesma fórmula secreta, envelhecido longamente em barris de madeiras especiais se obtendo uma excepcional qualidade.

Por fim o elixir vegetal da Grande-Chartreuse, de 71 graus. Muito forte. Mas faz muito bem à saúde. Num copo com água e açucar, se coloca umas gotinhas do elixir. Além de ser delicioso, faz muito bem. O sabor é indescritível. Vem num vidrinho pequeno que é guardado dentro de um recipiente de madeira, como na foto ao lado.

A receita do licor é muito complexa. Já tentaram reproduzí-lo, mas não se consegue. Só os originais contém as propriedades e o sabor inigualáveis.

Há um tempo atrás foram muito procurados, juntamente com o licor Benedictine, feito pelos monges de São Bento. O chartreuse branco tem produção extremamente limitada e não se encontra no Brasil.



sábado, 4 de setembro de 2010

A vingança de Lúcifer

Deus revelou a muitos Santos certas verdades para bem dos homens. Foi assim que uma freira, em processo de Beatificação, mas já considerada Venerável pelo Vaticano, teve uma visão magnífica e muito esclarecedora: Sóror Maria de Jesus. Tais revelações foram escritas por ela no livro “Mística Cidade”, com aprovação eclesiástica, NIHIL OBSTAT do Cônego João Corrêa Machado e IMPRIMATUR de Dom Geraldo, Arcebispo de Aparecida. Direitos: Academia Marial de Aparecida – SP e Mosteiro Portaceli de Ponta Grossa – PR. Vale a pena ler.
Desde quando Lúcifer foi expulso do Céu com seus anjos rebeldes, odiou os homens.

Ai da terra e do mar, porque o demônio desceu a vós com grande ira, sabendo que lhe resta pouco tempo (v.12)

Vingança de Lúcifer.

No momento em que Lúcifer e seus sequazes inauguraram o inferno, reuniram-se todos para fazer um conciliábulo. Nesse tempo empregou Lúcifer toda sua diabólica sabedoria e malícia em estudar e decidir com os demônios o modo para mais ofender a Deus, em vingança do castigo que lhes havia imposto. A última conclusão a que chegaram, pelo que sabiam do amor que Ele teria aos homens, foi que a maior vingança e ofensa a Deus seria impedir nas criaturas humanas os efeitos daquele amor. Para tanto, enganariam, persuadiriam e forçariam quanto possível os homens a perderem a amizade e graça de Deus, tornando-os ingratos e rebeldes à vontade divina.

Lúcifer determinava que os seus subordinados trabalhassem com toda a força, atenção e ciência: “Arrastaremos as criaturas humanas para nosso ditame e vontade, a fim de perde-las. Perseguiremos esta geração de homens e os privaremos do prêmio que lhes está prometido. Procuremos, com toda nossa vigilância, que não cheguem a ver a face de Deus, visão a nós, injustamente negada. Hei de obter contra eles grande triunfos e tudo destruirei e submeterei à minha vontade. Semearei novas seitas, erros e leis, em tudo contrárias às do Altíssimo.”
Assim, dessa forma, jurando ódio ao ser humano, a vingança infernal estava montada.
No entanto para próprio castigo do demônio, Deus não permitiu que ele visse a criação de Adão e Eva. Quando o demônio vagando pelo paraíso encontrou o admirável ser humano, enfureceu-se. Pois vendo ele Homem e Mulher, e sabendo que Deus enviaria ao mundo um Salvador que nasceria de uma Virgem, pensou se tratar do próprio Jesus Cristo. Dessa forma ficou por muito tempo observando Adão e Eva, tendo medo de se aproximar de ambos.

Continua a Venerável Sóror Maria de Jesus, humilde abadessa no convento da Imaculada Conceição da Vila de Ágreda:

No sexto dia da criação Deus formou e criou Adão na compleição física de 33 anos, idade em que Cristo havia de morrer, e tão parecido à sua humanidade Santíssima, que no corpo era mínima a diferença, e a alma semelhante à sua quanto à natureza.

De Adão formou Eva, tão semelhante à Virgem que a reproduzia nas feições e em toda a pessoa. Contemplava o Senhor, com sumo agrado e benevolência, estes dois retratos dos originais que oportunamente criaria. Por causa destes lhes concedeu muitas bênçãos, como para se entreter com eles e seus descendentes, enquanto esperava o dia no qual havia de formar Cristo e Maria.Todavia, o feliz estado no qual Deus criara os dois primeiros pais do gênero humano durou muito pouco. Contra eles logo se despertou a inveja da serpente que espreitava a sua criação, apesar de que Lúcifer não pudera ver a formação de Adão e Eva como vira todas as outras coisas no momento de serem criadas. Não quis o Senhor mostrar-lhe a criação do homem, tampouco a formação de Eva da costela, e só os viu quando apareceram juntos.

Quando o demônio viu a admirável compleição da natureza humana, superior a todas as demais criaturas; a beleza das almas e também dos corpos de Adão e Eva; conhecendo o paternal amor que lhes votava o Senhor e que os fizera donos e senhores de toda a criação com promessas de vida eterna, enfureceu-se a ira deste dragão.

Não há língua que possa explicar a violência com que se agitou aquela besta feroz. Incitado pela inveja desejou-lhe tirar-lhes a vida e, como um leão o teria feito, se não fosse detido por outra força superior. Por este motivo, estudava e procurava modo para os rebelar contra o Altíssimo e derruba-los da graça divina.

Enganou-se Lúcifer porque, embora desde o princípio o Senhor lhe houvesse manifestado que o Verbo far-se-ia homem no sei de Maria Santíssima, não lhe declarou onde e como.

Por esta razão, lhe ocultou a criação de Adão e formação de Eva,para que logo começasse a sentir a ignorância do mistério da encarnação e sua época.Como o ódio do demônio visava principalmente Cristo e Maria, começou a suspeitar-se, por acaso, Adão teria saído de Eva, sendo ela a mãe, e ele o Verbo humanado. Esta suspeita crescia no demônio por sentir a força divina que o impedia atentar contra a vida deles. Mas, por outro lado, conheceu os preceitos que Deus lhe impôs. Descobriu-os ouvindo Adão e Eva falarem sobre isso.

Pouco a pouco se lhe desfazia a dúvida. Pôs-se a escutar as conversas dos pais, sondando a natureza, começando logo, como o faminto leão, a rodeá-los (Pd5,8), procurando entrada pelas inclinações que percebia em cada um deles. Antes, porém, de se desenganar totalmente, sempre vacilava entre o ódio contra Cristo e Maria e o temor de ser por eles vencido. Acima de tudo temida a vergonha de ser subjugado pela Rainha do céu, por ser ela pura criatura sem divindade.

Reparando, pois, no preceito que Adão e Eva receberam, armado coma mentira, entrou a tenta-los, começando com todo o esforço a contradizer a divina vontade. Não atacou primeiro o homem, e sim a mulher, porque viu que sua natureza era mais frágil e delicada e tinha certeza de que ela não era Cristo. Além disso alimentava contra ela extrema indignação, desde o sinal que havia visto no céu, e a ameaça que Deus lhe fizera por meio daquela mulher. Tudo isso o levou primeiro a acometer Eva e não Adão. E assim foi feito.

O demônio tomou a forma de serpente e falou à Eva que com ele imprudentemente entabulou conversa. De ouvi-lo e responder-lhe passou a lhe dar crédito, e daqui a violar o preceito. Por fim, persuadiu o marido que o violasse, para dano seu e de todos, perdendo eles e nós o feliz estado no qual os havia posto o Altíssimo.